terça-feira, 13 de outubro de 2009

A Salvação vem do Senhor!

Meus nobres amigos e irmãos em Cristo.

Devido minha estadia na cidade de Assunção, capital do Paraguai, em um trabalho missionario de ensino e evangelização. Estarei um pouco ocupado e não poderei nesses dias escrever com mais frequencia.

Quando chegar de volta ao Brasil, já quero voltar a expor mais da Teologia Reformada e Espiritualidade da Palavra.


Em Cristo,

Onésimo Mesquita.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Grito do Mercado e a Resposta da Igreja II.

Postado por Onésimo Mesquita.

Dando continuidade ao post passado, quero fazer uma reflexão de como a igreja contemporânea tem respondido aos desafios de nosso tempo. Em alguns pontos de maneira muito errônea, negociando a verdade, por aceitação no mercado religioso. E dessa forma, para serem aceitas no mercado, algumas igrejas tem que comercializar objetos da religião, fazendo tudo para agradar o freguês. Mais por outro lado o autentico evangelho de Cristo jamais poderá ser vendido.

A Pregação como venda de objetos religiosos.

O cenário está ajeitado, a filosofia do momento é o sincretismo, o ensino é a cartilha da prosperidade. Com esse pano de fundo não poderia se esperar outro tipo de pregação. É anunciado que se todos passarem a congregar em determinada igreja, que não é como as outras que só falam de sofrimento, com tal conversa de “pecado original”, eles terão a “benção de Deus” que significa ser prospero em todas as áreas da vida; prosperidade tal que não passaremos por sofrimentos e dores aqui, pois tudo já nos é dado na morte de Cristo. A essência da mensagem é um tipo de escatologia realizada com ênfase na prosperidade financeira.
Para se obter essa prosperidade o devoto tem que fazer uso de “amuletos religiosos” que se usadas corretamente aumentaram a fé do devoto, que fará com que as bênçãos o alcancem. Esses objetos podem ser sempre dos mais diversos, como sal, rosa, copo com água, e ate mesmo redesenhar a arca da aliança, tudo isso com uma pregação altamente persuasiva, uma hermenêutica sempre dos mesmos versos e esses versos por sua vez sempre fora de seus contextos, abrindo mão de anunciar a verdade. Só resta esse tipo de pregação e ação para algumas igrejas que não conseguiram renunciar seus status e com isso perderam sua autoridade espiritual e já não conseguem serem testemunhas fieis do evangelho.

A Palavra da Cruz: Como resposta da Igreja.

Terminei o post de introdução sobre esse assunto, dizendo que a resposta da igreja é marcada pelas evidências da Encarnação, pois o mundo continua dizendo como Tomé “Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.” Essa é de fato a incredulidade de um mundo que não conhece o Cristo crucificado.
Sabendo disso, temos que pregar e responder a este mundo com fidelidade ao Senhor, e creio que nosso desafio é o mesmo que Paulo enfrentou em Corinto no século I. Ele enfrentou uma situação onde as pessoas perguntavam por sinais e sabedoria, ele diz:

Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; ¹

Essa situação é idêntica há de nossos dias, o desejo desenfreado pelo milagre e a busca por sabedoria é reflexo do coração do Homem, de seu vazio espiritual. E com isso a resposta do Mercado religioso é uma tentativa de agradar a gregos e judeus, que acaba tornado a mensagem do evangelho em sincretismo místico.
A resposta da igreja de Cristo deve ser a mesma do Apóstolo, que não se envergonhou do evangelho, mais declarou:



Mas nós pregamos a Cristo crucificado,
que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.
²

e em outro lugar ele diz mais:


Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.³

Essa é a ousadia de quem tem convicção do seu chamado e responsabilidade diante de Deus.

Essa é nossa pregação, que é embasada no texto bíblico e confiante na ação poderosa do Espírito de Deus. Uma pregação que apresenta às marcas do corpo do Senhor, em resposta a incredulidade do mundo que age ainda como Tomé. Pregando dessa forma as evidencias da Encarnação de Cristo será notória por um viver que é coerente com sua proclamação. Que o Senhor nos use em sua misericórdia para darmos as razões de nossa Esperança. Solus Cristus!
____________________________
¹ I Co 1.22
²I Co 1.23
³ Rm 1.16

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Crônicas de um Fórum Missionário.

Postado por Onésimo Mesquita


Deus tem sempre seus modos de guiar seu povo para realizar nele sua vontade, e nesses últimos dias Ele preparou para seu povo Missionário quatro dias de reflexão, espiritualidade e comunhão. Isso aconteceu no IV Fórum de Missões realizado pela EMAD (Escola de Missões das Assembléias de Deus) no campus da EETAD.
O tempo em que ali estivemos, foi muito bom para criar novos relacionamentos e refletir sobre a obra missionária. Todo o dia pela manhã tinha um tempo de devocional, logo depois as plenárias que eram ministradas pelos pastores presidentes de campo, preparadas com amor e paixão pela obra do Senhor, os temas versaram sobre os mais diversos assuntos, O Perfil Missionário, Igrejas Autóctones, O chamado Missionário etc.

A Espiritualidade no Fórum.


Naquele ambiente de reflexão, ao lado de muitas pessoas de diferentes lugares cada um com seus costumes e culturas diferentes, foi possível gozar naquele tempo de uma espiritualidade genuína que se refletiu em ações praticas de respeito e amor pelo próximo tudo isso baseados na ação graciosa do espírito de Deus que esteve ali presente, dirigindo nossas ações e controlando nossas emoções para que todo o fórum fosse um tempo de estar na presença de Deus.

A Reflexão Missionária.
As palestras ali ministradas foram de muito impacto para os corações que já estavam preparados pelo toque divino, com isso a reflexão foi sincera, visava de verdade a realização simples da obra do Senhor com entendimento, e ação pratica. Como é bom refletir e pensar!
Refletir é maravilhoso, Ira. Dóris falou sobre a prontidão em sevir todo dia ao Senhor e estar preparado para ouvir sua Voz. Isso evoca algo de muita importancia, pois nossa reflexão sobre Deus deve nos levar a sermos mais fiés e abundantes na obra do Senhor. Não podemos viver de outra maneira,
foi para isso que ele nos chamou, e estamos sempre perante sua Face. Assim vivemos sempre, coram Deo!


Em amor: Comunhão no Fórum.
Conhecer pessoas de varias localidades é sempre um bom motivo para colocarmos em pratica o amor ao próximo. O Outro que tem seus costumes e maneiras, não dever ser tratado com indiferença, mais como parte essencial do Corpo de Cristo, pois ele, assim como nós, não é uma prótese sem vida, mais um membro ativo no Corpo do Senhor, ligados e unidos pelo vinculo da paz, naquele dias desfrutamos de grandes momentos de comunhão em Cristo.

domingo, 16 de agosto de 2009

Reação dos insensatos: extremos

postado por: Antonio Ronys





Em várias situações do cotidiano em que devemos tomar alguma decisão, é muito difícil evitarmos uma posição extremista. O homem, devido à ânsia em afirmar sua posição, é propenso a estar nessa condição. Geralmente, as decisões que tomamos têm por objetivo mudar ou melhorar determinada circunstância. A sensatez e o equilíbrio são virtudes de muita importância em um julgamento. Principalmente, quando tratamos a respeito da doutrina do Espírito.
A igreja no decorrer da História se encontrou em diversas situações que enfatizava determinada atitude extrema. É o caso do montanismo, um movimento que surgiu a partir do seu líder, Montano, que orando em seu quarto, viu que a Igreja estava passando por um momento de formalismo e estagnação espiritual e a partir daí, julgou que Deus iria fazer uma mudança, um avivamento na Igreja, e junto com duas irmãs, Priscila e Maximila, saíram profetizando pelas ruas da Europa enfatizando a doutrina escatológica, os dons espirituais e a santidade. O movimento montanista não foi visto com bons olhos, no entanto, Tertuliano, conhecido como o Pai da Teologia Latina, chegou a aderir o movimento. Todavia, mesmo com um adepto tão importante, o movimento não foi aceito e os concílios da época condenaram esse segmento religioso.
Situações como essa vem acontecendo no decorrer dos séculos. Temos como exemplo, os valdenses, os morávios, os quacres e agora bem recente o “grande avivamento” que ocorreu na Igreja de Toronto no Canadá, onde pessoas julgando estar sobre o poder do Espírito Santo se comportavam de maneira bizarra, alguns produziam sons de animais, como cachorro, leão, ou gato, entre outros excessos, e declaravam que um grande avivamento espiritual estava acontecendo.
Podemos observar que no transcorrer dos tempos, o que vem acontecendo entre os cristãos, é que alguns dão ênfase nas manifestações do Espírito sem o acompanhamento das Escrituras Sagradas, abrindo assim, espaços para exageros e puerícias. Outros, bem mais receosos, passam a julgar e criticar qualquer movimento que apareça, mesmo sem analisar biblicamente, mas sim, impelido por um grande preconceito, o que pode culminar em algo puramente intelectual, teórico e sem vida. Assim, tem ocorrido essa disputa no cenário cristão como dois irmãos que travam uma batalha mortal dentro de suas próprias casas, devido à falta de equilíbrio entre as posições.
O que não se pode negar é que dentro do Cristianismo há uma grande necessidade de cada cristão ter uma espiritualidade que busca uma vida religiosa com plena satisfação e autenticidade diante de Deus, enquanto os extremistas se distanciam da verdade e perdem o grande privilégio de viver uma espiritualidade genuína com Deus. Os cristãos sinceros estão em um grande dilema, que exige muita cautela e principalmente, responsabilidade em se colocarem como moderadores e mestres para guiar aqueles que estão embriagados e fanáticos por experiências sem fundamento bíblico e os que estão saturados de preconceito e incredulidade.
Temos uma grande oportunidade de desfrutarmos das bençãos de Deus, de sentir o infinito poder, amor e graça de Deus, não buscando simplesmente as sensações das experiências, mas sim, buscando a Deus e desejando ardentemente conhecê-lo, cujo sentimento resultará em experiências sinceras e extraordinárias. Sejamos criteriosos para não chegarmos a um excesso de desordem e carnalidade em nome do Espírito, por outro lado, que isso não venha a extinguir o Espírito, privando de algo que Deus, em Cristo, nos legou, onde infelizmente, os extremos se distanciam um do outro perdendo aquilo que Deus quer entregar.
Que Deus nos dê graça e autoridade para combater os extremos com humildade, para sermos conforme a sua palavra escrita e termos uma vida cheia do Espírito Santo.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Uma análise teórica e prática da Doutrina Trinitariana

postado por Dieison Oliveira

Qual é a natureza da realidade final? Seria uma unidade ou uma diversidade? A realidade é una ou múltipla? E em relação à Deus, podemos afirmar que ele é uma unidade absoluta ou existe diversidade no ser de Deus? Qual é a melhor maneira de entender as várias representações da atividade de Deus no mundo? Acerca dessas questões, que remontam desde os pré-socráticos, surgiram várias tentativas para solucioná-las, no entanto a maioria das teorias que se apresentaram não responderam completamente aos dilemas levantados. A doutrina da trindade, surgida no contexto neotestamentario, respondeu com precisão os problemas expostos. Todavia, teorias como o modalismo, o sabelianismo e o subordinacionismo foram expostas na era patrística e não fizeram jus as Sagradas Escrituras.
O sabelianismo é a noção de que só existe uma pessoa divina, Deus o Pai, que se manifesta nas três formas, Pai, Filho e Espírito Santo, ou seja, Deus é uma pessoa que se transformou no transcorrer da história. Uma outra teoria que se assemelha com esta é o modalismo. Segundo essa corrente, Deus apresentou-se de três modos, mas não existe eternamente como três pessoas, pois Deus é somente uma pessoa. O subordinacionismo acredita que a essência de Deus está inerente às três pessoas da divindade que coexistem num relacionamento hierárquico. Nesse sistema a essência do Filho é subordinada e dependente ao Pai. O Espírito Santo é subordinado aos dois. Então a divindade do Filho e do Espírito é derivada do Pai. A relação hierárquica implica que o Filho e o Espírito são inferiores ao Pai.
Vários gigantes da Igreja se levantaram pra defender a genuína doutrina da Trindade, na patrística com Agostinho e João de Damasco e na Idade Média principalmente com João Calvino. Este sustentou a doutrina da Igreja primitiva de que Deus é uma única essência que subsiste em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, entendo que ela era “o principal artigo de nossa fé”. Esta distinção está bem longe de contraditar a implicíssima unidade de Deus, que se permita daí provar que o Filho é um só e único Deus com o pai, porquanto, a um tempo, com ele compartilha de um só e único Espírito, mas o Espírito não é algo diverso do Pai e do Filho, visto ser ele o Espírito do Pai e do Filho. Com efeito, em cada uma das análises, se compreende que a natureza inteira de Deus está em uma propriedade específica. O Pai está no Filho; o Filho está no Pai, e o Espírito está em ambos. Essa relação é conhecida dentro da Teologia como, perichoresis e circumcessio. Cristo declara: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim.”Jo 14.10.
Calvino advertiu quanto a especulações sobre o mistério da essência divina e recusou-se a torcer as Escrituras, sustentando assim, essa doutrina. No entendimento de Calvino “ a trindade é crucial porque é um testemunho da divindade de Jesus Cristo e, assim, dá certeza da salvação realizada por ele.” O propósito do trinitarianismo de Calvino era soteriológico. Somente alguém que é verdadeiramente Deus pode redimir os que estava totalmente perdidos. Deus se revela.
Um dos aspectos que se deve salientar quando se estuda a Trindade é saber que Deus não criou o mundo por solidão. Antes de o mundo existir, já havia uma comunhão eterna de amor na Santa Trindade. Isto acarreta ao cristão, o chamado para viver em comunhão. Convocada para refletir a Santa Trindade, a comunidade cristã deve encorajar meios criativos para incluir a capacidade espiritual de cada membro, lembrando que cada cristão é importante no corpo de Cristo. Simultaneamente, todos os cristãos devem estar conscientes de suas responsabilidades, submissão e autodoação. Para se assemelhar ao Deus trino, a igreja local tem que cultivar amizades profundas. Para isto, deve-se investir em grupos pequenos, retiros e outras formas de comunhão que contribuam para reunir em amor o povo de Deus, exaltando a alegria e o amor da Trindade, e prefigurando assim, a comunhão abençoada do Paraíso. No entanto, o mesmo cuidado mútuo não está limitado aos cristãos na igreja local. O senso de unidade e diversidade no corpo de Cristo deve estender-se às outras igrejas – que não devem ser vistas como uma espécie infeliz de competição denominacional – como congregações companheiras na igreja universal do nosso Senhor.
Sendo assim, a Trindade não é simplesmente algo racional ou impraticável, apesar de alguns não conceber a idéia simultânea de unidade e diversidade. A lógica humana não consegue abranger tamanho conhecimento. Mas para o verdadeiro cristão, é uma doutrina fundamental para o relacionamento entre Deus e os homens. Portanto, devemos evitar toda racionalização barata sobre a doutrina da Santíssima Trindade. Como bem disse Millard Erickson: “Tente explicá-la, e vai perder sua mente; tente negá-la, e vai perder sua alma.”


Gloria Patri et filio et Spiritui Sancto, Sicut erat in principio et (est) nunc et (erit) semper et in saecula saeculorum

sábado, 25 de julho de 2009

O Grito do Mercado e a Resposta da Igreja (I)

Postado por Onésimo Mesquita


O Mundo em constante fluxo e mudança marcantes continua com suas necessidades e desespero quanto mais desesperado fica, mais vai á procura de seus ídolos, criando seus próprios deuses domésticos.

É nesse contexto que surge a pós-modernidade, desejando ser o agente que vai suprir o desejo do coração do povo em desespero, oferecendo ao homem desse século todo o tipo de engano, se fazendo passar por remédio verdadeiro, mas que nunca sara de verdade a ferida aberta pelo pecado.

Em contra partida temos a igreja de Cristo aqui na terra desejosa de fazer sua obra, da qual tem em algumas qualidades e valores que são preciosos para esse tempo de angustia; mas um problema surge e se torna inevitável, pois o homem hoje já bebeu muito do pós-modernismo e esta ébrio desses valores apostatas. Então como apresentaremos o evangelho? Como tornaremos nossa mensagem relevante e pronta pra ser ouvida? Temos que ter muito cuidado nesse momento, pois os limites não podem ser ultrapassados aqui vejo o comentário de Stott muito importante.


Às vezes parece que o mercado impõe suas regras também a igreja. Com toda prestatividade nós sedemos ao espírito moderno, tornando-nos escravos da ultima moda, e ate mesmo idolatras, disposto a sacrificar a verdade no alar da modernidade. Então a busca por relevância acaba se degenerando, transformando-se em uma obsessão por popularidade.


Esse grande comentário é de muita importância e faremos bem em darmos ouvido a ele.creio que Stott esta certo e vemos se cumprir hoje o que ele tão sabiamente afirmou, só que desta vez o termo é “pós-moderno” que evoca seus desafios.isso nos leva para a resposta da igreja, resposta essa que não se embaraça com as perguntas, pois sabe bem como responde-las, e suas repostas são marcadas pelas evidencias da encarnação de nosso Senhor.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A influência pós-moderna no contexto neopentecostalista

postado por: Felipe Ferreira Inácio


São impressionantes as áreas em que o pós-modernismo tem afetado nossa cultura. As artes, a filosofia, a indústria cinematográfica, enfim, cada esfera da vida tem sido transformada por essa cosmovisão que arrebanha multidões por onde passa. Seja pelo fracasso do ideal iluminista, seja pelo interesse de uma nova filosofia que surge no mercado, o pós-modernismo tem expandido seus limites, a ponto de ser facilmente encontrado em púlpitos evangélicos.

O pós-modernismo é caracterizado pelo abandono da verdade como objetiva. É uma crítica severa a cultura ocidental cuja ilusão é de que a ciência é capaz de solucionar todos os problemas da humanidade. Stanley J. Grenz escreve: “ A mente pós-moderna recusa-se a limitar a verdade à sua dimensão racional e, portanto, destrona o intelecto humano de sua posição de árbitro da verdade. Segundo os pós-modernos existem outros caminhos válidos para o conhecimento além da razão, o que inclui as emoções e a intuição.” Duas facetas do pós-modernismo são dignas de nossa atenção, são elas o desconstrucionismo e o pragmatismo.

O desconstrucionismo é uma teoria literária cujo objetivo é desconstruir qualquer fundamento transcendental para a interpretação de um texto. De acordo com esse pensamento, vários significados podem emergir da leitura de um único texto, pois não há um referencial objetivo para a interpretação. O filósofo alemão Hans-Georg Gadamer acreditava que o significado de uma leitura ocorre quando há um diálogo entre o leitor e o texto, quando há uma fusão de horizontes, é o que ele chamava de “conversação hermenêutica”. Mais radical ainda é o filósofo francês Jacques Derrida. Este ridicularizava o logocentrismo presente no pensamento ocidental. Segundo Derrida, não pode haver nada fora do texto como referencial. Qualquer que seja a teoria para interpretar um texto, haverá outros significados. Para ele, o desconstrucionismo não é uma técnica interpretativa, mas um meio de descontruir qualquer fundamento hermenêutico imposto ao texto.

Quanto ao pragmatismo pós-moderno, o expoente de maior impacto é o filósofo americano Richard Rorty, porém, o pragmatismo em si teve início bem anterior a este, com Charles Peirce, William James, John Dewey, entre outros. De uma forma bem grossa, o pragmatismo é uma teoria que diz que a verdade é aquilo que funciona. Essa ideologia traz consigo uma visão não-realista do mundo, ou seja, uma afirmação é verdadeira a partir de uma convenção humana ao invés de corresponder a realidade objetiva. Conseqüentemente, a verdade será aquilo que satisfará a “teia de crenças” de uma comunidade. Quanto a essa “teia de crenças” Richard Rorty deixa bem claro: “É inútil indagar qual vocabulário está mais próximo da realidade, uma vez que diferentes vocabulários têm objetivos distintos, e não existe tal coisa como um propósito que esteja mais perto da realidade do que outra...”.

Após essa breve análise, há quem diga que tal filosofia nunca foi pregada em qualquer igreja protestante. Talvez não de uma forma estrutural, no entanto, vários líderes têm aplicado essa cosmovisão por trás de suas ideologias. O maior representante dessa aceitação seria os neopentecostais. Estes estão para o pós-modernismo, assim como as Igrejas liberais estavam para a modernidade. A aprovação do aborto indiscriminadamente, a aceitação do homossexualismo, o uso de objetos supostamente miraculosos são exemplos de como a pós-modernidade tem influenciado o neopentecostalismo.

Adotando uma visão pragmática da verdade, os líderes dessas igrejas não se preocupam mais em alimentar o seu rebanho com uma crença genuinamente bíblica, não porque esta na realidade não funcione, mas porque as pessoas querem solução instantânea para os problemas do dia-a-dia. Uma doutrina bíblica requer tempo e acima de tudo a iluminação do Espírito Santo. Assim o neopentecostalismo abandona a teoria da correspondência por ser mais “complicada” e passa a aceitar a teoria pragmática. Agora o membro não precisa mais se preocupar com que a Bíblia diz, muito menos com a interpretação proposta pelos reformadores, basta se preocupar se tal crença está funcionando. Se um neopentecostal é questionado se sua crença é verdadeira, geralmente ele responde que a sua igreja é a que mais cresce, ou que já foi “abençoado” financeiramente ou fisicamente por meio de sua igreja. Assim, ele não se preocupa em dar uma resposta bíblica ao conjunto de verdades que assume, mas ele responde baseado no resultado. O leitor deve se perguntar se um neopentecostal não ficaria horrorizado em abandonar as Escrituras. No entanto, segundo essa visão, eles não abandonam a Bíblia, eles simplesmente adotam uma hermenêutica desconstrucionista para interpretá-la. Observando superficialmente a idéia neopentecostal, alguém poderia ser tentado a admitir que este é verdadeiro. No teste da funcionalidade as igrejas neopentecostais passam, e observando as inúmeras contradições hermenêuticas que surgem no público evangélico dá a entender que não há uma verdade absoluta.

Devemos salientar dois pontos importantes: 1. O verdadeiro sentido de um texto sempre será o mesmo em qualquer região ou período da história. Quando o Espírito Santo inspirou os escritores da Bíblia ele desejou comunicar uma verdade, e se Ele comunicou é porque tinha certeza que iríamos compreender. Obviamente, uma pessoa pode interpretar algo totalmente diferente da intenção do Espírito, porém, isso não quer dizer que sua interpretação esteja correta, mas que o leitor não utilizou as ferramentas de interpretação dadas por Deus. A divergência de opiniões não deve conduzir a um relativismo, mas sim a consciência de que uma das partes está equivocada. Assim, a interpretação verdadeira não consiste em entender aquilo que o leitor deseja, antes em compreender a intenção do autor que ocorrerá quando as barreiras que os separam forem quebradas. 2. O argumento de que o índice de crescimento das igrejas neopentecostais é maior, ou de que a prosperidade e a cura financeira é maior nessas denominações é falho. Nem tudo que funciona é verdadeiro. Qual médico não seria questionado se detectasse que seu paciente sofre de câncer e ao invés de contar ao mesmo, esconde para que assim o paciente possa viver tranqüilamente? Ou que marido não seria questionado se ao invés de contar à esposa que tem uma amante, se calasse para que assim o seu casamento não seja rompido? Nesses dois casos, o objetivo final é bom, no entanto, o meio de se obter esse resultado é mau. Para que o neopentecostalismo seja verdadeiro, ele não deve se apoiar em uma teoria como esta, mas abraçar uma cosmovisão puramente bíblica.

Para concluir, seria ignorância dizer que o pós-modernismo de uma forma geral é pernicioso. Há muitos aspectos positivos nessa filosofia, principalmente o ataque à ilusão iluminista de que a razão é o centro de tudo. Não cabe aqui, fazer um relato minucioso sobre o pós-modernismo. O objetivo principal desse artigo é demonstrar a influência negativa que o pós-modernismo causou no meio neopentecostal. Muitas pessoas têm desconhecido as fontes em que estão bebendo. Não há erro em adotar estratégias para atingir a geração pós-moderna, porém, a partir do momento em que não há mais diferença entre o pensamento cristão e o mundano, a Igreja deixa de ser iluminadora e passa a ser reflexo de uma cosmovisão cujo centro não é a verdade divina.

quarta-feira, 1 de julho de 2009



A convicção do Conhecimento da Teologia de Cristo.


Autor: Eney Araújo


Para fazer-te saber a certeza das palavras da verdade, e assim possas responder palavras de verdade aos que te consultarem? (Provérbios 22:21)
O versículo acima citado faz jus ao motivo pelo qual não é bom que o missionário não tenha plena certeza e conhecimento da palavra de Deus.
A Bíblia é bem clara com relação ao obreiro está apto ao trabalho do senhor. Em (II Timóteo 2:15) – O Apostolo Paulo deixa bem claro esta condição, Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
Qual a importância de conhecer bem a palavra da verdade? O evangelho genuíno da palavra de Deus há muito tempo foi desprezado por muitos, pelo fato que nem todos tiveram interesse suficiente de buscar meios pelos quais chegasse ao conhecimento pleno da verdade. Infelizmente os que tinham acesso ao conhecimento, muitas vezes faziam interpretação de forma equivocada e desta maneira transmitiram a muitos. Há muito tempo ouvimos muitos pregadores dizendo que não importa ter conhecimento, o que importa é ser espiritual, usando, por exemplo, o texto de (II Corintios 3:6) – “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.” Está e muitas outras foram e até hoje tem sido a base para muitos obreiros incultos carentes de esclarecimentos e conhecimento para saírem da ignorância tradicional que aceitaram e vivem até os dias de hoje. Mais aprouve a Deus usar pessoas que assim como os apóstolos zelaram pela verdade perfeita da palavra, nunca pregando em discordância àquilo que lhes foi ensinado, pelo contrario falavam com autoridade e ousadia, pondo suas vidas aprova mais nunca negando o evangelho de Cristo. Isto me faz lembrar da época de Lutero quando em defesa da verdade lutou pela liberdade do acesso da Bíblia à todos os homens, de maneira que não apoiou os bispos e magistrados daquele tempo, que sendo eles detentores do conhecimento da verdade, optaram pela mentira medíocre para satisfazer seus próprios interesses. Lamentavelmente alguns que apoiaram Lutero, chegaram a entender de forma errônea a luta pela reforma protestante, que se deu em uma guerra sangrenta.
Mas sabemos que Deus está no controle de tudo - E que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Romanos 8:28).
Por essa e muitas outras razões não é bom que o missionário implantador seja leigo no conhecimento das escrituras. Zelemos por uma Missiologia mais Teológica e uma Teologia mais Missionária ambos devem caminhar juntas para não cairmos no erro dos que não adotaram está regra em seus ministérios, e assim obteremos o êxito naquilo que nos é proposto.
Quero aqui deixar meu conselho, dizendo se não tendes conhecimento suficiente, busque incessantemente, pedindo a Deus e sentiras a diferença que fazer a obra de Deus é bom, porem fazer com conhecimento é maravilhoso.

sábado, 23 de maio de 2009

Evita Discussões Insensatas

“Evita discussões insensatas” (Tt. 3:9)

Nossos dias são poucos e podem ser melhor empregados fazendo coisas boas do que discutindo assuntos que, na melhor das hipóteses, são de menor importância. Os antigos estudiosos causaram muito prejuízo com a incessante discussão de assuntos sem nenhuma importância prática; e nossas igrejas travam pequenas batalhas sobre pontos abstratos e questões sem importância. Depois de dizer tudo o que pode ser dito, nenhum dos lados fica mais sábio e assim, a discussão não acrescenta mais conhecimento do que o amor, e é loucura semear num campo tão estéril. Questões sobre pontos onde há silêncio nas Escrituras; sobre mistérios que só pertencem a Deus; sobre profecias de interpretação duvidosa; e sobre o modo de observar cerimoniais humanos são loucura, e os sábios as evitam. Nosso problema não é nem fazer, nem responder a tais questões, mas evitá-las todas; e se observarmos os preceitos dos apóstolos (Tito 3:8), sendo diligentes em fazer coisas boas, ficaremos ocupados demais para ter qualquer interesse em discussões inúteis, contenciosas e desnecessárias.

No entanto, há algumas questões que são o oposto da loucura, as quais não devemos evitar, mas conhecer honesta e verdadeiramente, tais como: Creio no Senhor Jesus Cristo? Minha mente é renovada? Ando segundo a carne ou segundo o Espírito? Estou crescendo na graça? Minhas conversas embelezam o ensino de Deus, meu Salvador? Estou aguardando a vinda do Senhor, e vigiando como deveria um servo que espera por seu mestre? Que mais posso fazer por Jesus? Tais questões exigem nossa atenção imediata; e se somos dados a contestações, voltemos nossa habilidade crítica para algo muito mais proveitoso. Sejamos pacificadores e tentemos induzir outros, tanto por nossos preceitos quanto por nosso exemplo, a “evitar questões insensatas”.

Fonte: Morning and Evening (Devocional matutina do dia 19 de novembro),Charles Haddon Spurgeon

terça-feira, 24 de março de 2009

Lei de Deus

Postada por Onésimo Mesquita
“Deus só é corretamente servido quando sua lei for obedecida. Não se deixa a cada um a liberdade de codificar um sistema de religião ao sabor de sua própria inclinação, senão que o padrão de piedade deve ser tomado da Palavra de Deus”. (João Calvino, O livro de Salmos, São Paulo, Parakletos, 199, Vol 1, p.53)

quinta-feira, 12 de março de 2009

A manhã em que eu ouvi a voz de Deus - John Piper


Deixem-me falar-lhes sobre uma experiência das mais maravilhosas que eu tive na manhã de segunda-feira, 19 de março de 2007, pouco depois das seis da manhã. Deus falou de verdade comigo. Não há nenhuma dúvida de que era Deus. Eu ouvi as palavras em minha cabeça com a mesma clareza com que a memória de uma conversa passa pela consciência. As palavras eram em inglês, mas elas tinham sobre si uma absoluta auto-autenticação da verdade. Eu estou certo sem a menor sombra de dúvida de que Deus ainda fala hoje.

Eu não conseguia dormir por alguma razão. Eu estava em Shalom House no norte de Minnesota em um retiro de casais. Eram aproximadamente cinco e trinta da manhã. Fiquei lá deitado decidindo se eu deveria me levantar ou esperar até que pegasse no sono novamente. Por Sua misericórdia, Deus me tirou da cama. Estava ainda muito escuro, mas eu consegui achar minha roupa, vesti-me, peguei minha pasta, e saí suavemente do quarto sem acordar Nöel [esposa de John Piper – N.T.]. Na sala principal lá embaixo, estava tudo absolutamente tranqüilo. Ninguém mais parecia estar acordado. Assim eu me sentei em um sofá num canto para orar.

Enquanto eu orava e meditava, de repente aconteceu. Deus disse, "Venha e veja o que eu fiz." Não havia a menor dúvida em minha mente de que estas eram mesmo palavras de Deus. Naquele mesmo instante. Naquele mesmo lugar no século vinte e um, no ano 2007, Deus estava falando comigo com autoridade absoluta e realidade auto-evidenciada. Eu parei para tentar entender a dimensão do que estava acontecendo. Havia uma doçura naquilo tudo. O tempo parecia ter pouca importância. Deus estava próximo. Ele estava me vendo. Ele tinha algo a dizer para mim. Quando Deus se aproxima, a pressa deixa de existir. O tempo pára.

Eu queria saber o que ele quis dizer com "Venha e veja". Ele me levaria a algum lugar, como fez com Paulo levando-o ao céu para ver aquilo que não pode ser descrito? Será que “ver” significava que eu teria uma visão de alguma grande obra de Deus que ninguém jamais havia visto? Não estou certo de quanto tempo decorreu entre a palavra inicial de Deus, "Venha e veja o que eu fiz", e as palavras seguintes. Não importa. Eu estava sendo envolvido no amor da comunicação pessoal com Ele. O Deus do universo estava falando comigo.
Então ele disse, tão claramente quanto qualquer palavra que alguma vez tenha entrado em minha mente: "Fiz coisas tremendas para com os filhos dos homens!". Meu coração acelerou, "Sim, Senhor! Tu és tremendo em todas as tuas obras. Sim, para com todos os homens quer eles percebam isto ou não. Sim! E agora? O que mais me mostrarás?"

As palavras vieram novamente. Tão claramente quanto antes, mas cada vez mais específicas: "Converti o mar em terra seca; atravessaram o rio a pé; ali, eles se alegraram em Mim”. De repente percebi que Deus estava me levando de volta milhares de anos no tempo, até a época em que ele secou o Mar Vermelho e o Rio Jordão. Eu estava sendo transportado na história, pela palavra dEle, até essas grandes obras. Era isso que Ele queria dizer quando disse "Venha e veja". Ele estava me conduzindo ao passado pelas Suas palavras até essas duas gloriosas obras que ele fez diante de crianças e homens. Estas eram as "coisas tremendas" a que Ele havia se referido. O próprio Deus estava narrando as poderosas obras de Deus. Ele estava fazendo isso para mim. Ele fazia isto com palavras que estavam ressoando em minha própria mente.

Então me cobriu uma maravilhosa reverência. Uma palpável paz desceu sobre mim. Este era um momento santo e um lugar santo do mundo ali no norte de Minnesota. O Deus Todo-Poderoso tinha descido e estava me dando a quietude, a abertura e a disposição de ouvir a Sua voz. Enquanto eu me maravilhava do Seu poder para secar o mar e o rio, ele falou novamente: "Os meus olhos vigiam as nações, não se exaltem os rebeldes."

Isso era empolgante. Era muito sério. Era quase uma repreensão. No mínimo uma advertência. Ele poderia da mesma forma ter me arrastado pelo colarinho, me erguido do chão com uma mão, e ter dito, com uma mistura incomparável de ferocidade e amor, "Nunca, nunca, nunca te exaltes a ti mesmo. Nunca te rebeles contra mim."

Eu sentei, olhando para o vazio. Minha mente estava cheia da glória universal de Deus. "Meus olhos vigiam as nações." Ele tinha dito isto para mim. Não era só que ele tinha dito. Sim, isso já seria glorioso. Mas ele tinha dito isto para mim. As próprias palavras de Deus estavam em minha cabeça. Elas estavam lá em minha cabeça da mesma maneira que as palavras que eu estou escrevendo neste momento estão na minha cabeça. Elas foram ouvidas tão claramente quanto se neste momento eu recordasse que minha esposa havia dito, "Desça para jantar assim que estiver pronto." Eu sei que aquelas são palavras da minha esposa. E eu sei que estas são palavras de Deus.

Pense nisso. Maravilhe-se com isso. Trema diante disso. O Deus cujos olhos vigiam as nações, como algumas pessoas vigiam o gado ou o mercados de ações ou locais de construção - esse Deus ainda fala no século vinte e um. Eu ouvi as próprias palavras dEle. Ele falou pessoalmente comigo.

Que efeito teve isso sobre mim? Encheu-me de um senso renovado da realidade de Deus. Assegurou-me mais profundamente de que ele age na história e no nosso tempo. Fortaleceu minha fé de que ele é por mim e cuida de mim e usará o seu poder universal para tomar conta de mim. Por que mais ele viria e me contaria essas coisas?

Aumentou meu amor pela Bíblia como a verdadeira palavra de Deus, porque foi pela Bíblia que eu ouvi estas palavras divinas, e através da Bíblia eu tenho experiências como estas quase diariamente. O próprio Deus do universo fala em cada página à minha mente – e à sua mente também. Nós ouvimos as Suas próprias palavras. Deus mesmo multiplicou as Suas obras e Seus pensamentos maravilhosos para nós; ninguém pode se comparar a ele! Eu quisera anunciá-los e deles falar, mas são mais do que se pode contar. (Salmo 40:5).

E, melhor de tudo, eles estão disponíveis a todos. Se você quiser ouvir as mesmas palavras que eu ouvi no sofá no norte de Minnesota, leia o Salmo 66:5-7. Foi ali que eu as ouvi. Quão preciosa é a Bíblia. É a própria palavra de Deus. Nela Deus fala em pleno século vinte e um. Ela é a própria voz de Deus. Por esta voz, Ele fala com verdade absoluta e força pessoal. Por esta voz, Ele revela a Sua transcendente beleza. Por esta voz, Ele revela os segredos mais profundos de nossos corações. Nenhuma voz pode em qualquer lugar e a qualquer tempo ir tão fundo ou erguer-se tão alto ou levar tão longe quanto a voz de Deus que nós ouvimos na Bíblia.

É uma grande maravilha que Deus ainda fale hoje através da Bíblia com maior força, maior glória, maior certeza, maior doçura, maior esperança, maior orientação, maior poder transformador e maior verdade cristocêntrica do que pode ser ouvida de qualquer voz em qualquer alma humana no planeta fora da Bíblia.

É por isso que fiquei triste com o artigo “My Conversation with God” (“Minha Conversa com Deus” – N.T.) na Christianity Today (Cristianismo Hoje – N.T.) deste mês. Escrito por um professor anônimo de uma "conhecida Universidade Cristã", conta a sua experiência de ouvir Deus. O que Deus disse era que ele deveria dar todos os royalties de um novo livro para pagar os estudos de um estudante necessitado. O que me deixa triste sobre o artigo não é que não é verdade ou que não aconteceu. O que me entristece é que realmente dá a impressão de que a comunicação extra-bíblica com Deus é infinitamente maravilhosa e fortalecedora da fé. O tempo todo, a supremamente gloriosa comunicação do Deus vivo que pessoalmente e poderosamente e transformadoramente explode todos os dias no coração receptivo através da Bíblia é ignorada em absoluto silêncio.

Tenho certeza que esse professor de teologia não quis dizer isso deste modo, mas o que ele disse de fato foi: "Durante anos ensinei que Deus ainda fala hoje, mas não pude testemunhar isso pessoalmente. Eu só posso fazer isso agora de forma anônima, por razões que eu espero fiquem claras" (ênfase acrescentada por Piper). Certamente ele não quer dizer o que ele parece inferir – que somente quando a pessoa ouve uma voz extra-bíblica como, "O dinheiro não é seu", você pode testemunhar pessoalmente que Deus ainda fala. Seguramente ele não pretende depreciar a voz de Deus na Bíblia que fala neste mesmo dia com poder, verdade, sabedoria, glória, alegria, esperança, maravilha e utilidade, dez mil vezes mais decisivamente que qualquer coisa que possamos ouvir fora da Bíblia.

Eu me aflijo com o que está sendo comunicado aqui. A grande necessidade de nosso tempo é que as pessoas experimentem a realidade viva de Deus ouvindo a Sua Palavra pessoalmente e de forma transformadora nas Escrituras. Algo está inacreditavelmente errado quando as palavras que nós ouvimos fora da Bíblia são mais poderosas e mais influentes para nós do que a Palavra inspirada de Deus. Clamemos com o salmista: "Inclina-me o coração aos teus testemunhos (Salmo 119:36)". "Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei (Salmo 119:18)". Que sejam iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e conheçais o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus (Efésios 1:18; 3:19). Ó Deus, não nos deixes sermos tão surdos à tua Palavra e tão indiferentes à Sua inefável excelência evidencial a ponto de celebramos coisas menores como mais emocionantes, e até mesmo considerarmos esse maravilhar-se completamente fora de lugar merecedor de ser impresso em uma revista de circulação nacional.

Ainda ouvindo a Sua voz na Bíblia,

Pastor John

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Deus: A verdadeira “Alethéia” do pensamento Histórico-Filosófico

Postado por Paulo César do N. Pereira.

“E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará” (Jo 8:32)

Introdução

Ao longo da história da humanidade, o homem buscou diversas formas de determinar sua resposta sobre a essência do surgimento da vida. Quando falamos de Filosofia e Religião tocamos em dois campos da reflexão e da vivência humana, que na forma de argumentação cognitiva, se interagem. Assim podemos analisar a origem do pensamento histórico-filosófico baseando-se na linha teológica cristã na sua tradicional vertente ocidental:
A Filosofia Grega, que tem como base os pensamentos dos filósofos helênicos e o Cristianismo: expressão de fé que marcou o mundo.
No período medieval, com a preposição das estruturas hierárquicas de poder da instituição Igreja e o surgimento das escolas cristãs para o fortalecimento do conhecimento teológico.
O período humanista, caracterizado pela destituição da fé, aderindo assim, o contexto cientifico-racional como proposta sistematizada de moralidade humana e a superação da fé cristã através da Reforma teológica do protestantismo.
E o período pós-moderno, o descaso da corrente existencialista, destituindo a teologia dos fundamentos morais da sociedade e criando uma continuidade angustiada e pessimista através do materialismo e a reviravolta de novas doutrinas cristãs adequando a contexto evangelístico.

1. Período Grego: Destituição do Politeísmo Mitológico pela Superação Cristã.

Os gregos destacaram-se pelo desenvolvimento do pensamento humanista e as correntes epistemológicas que se desencadearam até hoje no mundo ocidental. Sua cultura apresentada pela unicidade regional que englobava a política, religião e filosofia. A distribuição das Pólis propunha intensas disputas pela unificação absoluta do poder. Na religião, os helênicos determinaram um conjunto de personagens mitológicos que detinham autonomia na cultura local, caracterizados por cada cidade-estado, enaltecendo cada região, numa disputa não teológica, mas uma rivalidade de poder e conquista do outro. Assim, os dogmas teológicos desta “religião” ficaram de lado, sendo valorizada a força política da nação. Fenômenos físicos e naturais, a necessidade da finalidade de adoração, o propósito de vida perderam consistência.
Após a conclusão profética da chegada de Cristo e o anuncio da Boa Nova deu-se propulsão a uma nova visão de fé e a verdadeira chave da vida foi revelada para o mundo. Surge Jesus Cristo, o Verbo encarnado, apresentando a verdadeira missão dos homens, destituindo a ciência filosófica agnóstica através de seu evangelho. Não mais vários deuses que disputavam entre si a hegemonia celestial e a obediência humana, mas um único Deus, regido pela Trindade Santa. Assim, apresenta-se ao mundo a figura de Paulo de Tarso, grande perseguidor dos cristãos remanescentes, agora desvelado pela luz Espírito Santo, que instaura o processo de conversão de todo povo grego. Rebatendo o panteísmo e destituindo correntes filosóficas pagãs: “...E alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava a Jesus e a ressurreição...” (Atos 17:18-34).

2. O Período das Trevas e a força da luz cristã.

A Idade Media caracterizou-se pela expansão do cristianismo em todo Império Romano e a ascensão do pensamento filosófico-teológico derivado da linha platônica pelo filósofo patrístico Agostinho de Hipona e o racionalismo aristotélico de Tomás de Aquino através do pensamento escolástico.
A instituição Igreja Católica se estabelece como detentora de todo o pensamento filosófico-cristão com base em argumentos de filósofos gregos como Platão e Aristóteles. Porém, a mesclagem do poderio religioso com o monopólio político remonta um outro cenário da vivência da Palavra de Deus. O fortalecimento do ensino intelectual se restringe a somente aos líderes religiosos proporcionando aos leigos à aceitação dos dogmas imposta pela Igreja.
Agostinho, neoplatonista, confessava ver em Platão um cristianismo em potencial, como fica evidenciado nesta passagem emblemática de seu livro As Confissões: “(...) Neles li, não com estas mesmas palavras, mas provado com muitos e numerosos argumentos, que ao princípio era o Verbo e o Verbo existia em Deus e Deus era o Verbo: e este, no princípio, existia em Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada foi criado. O que foi feito, n’Ele é vida, e a vida era a luz dos homens e as trevas não a compreenderam(...) Do mesmo modo, li neste lugar, que o Verbo de Deus não nasceu da carne e do sangue, nem da vontade do homem, mas de Deus(...)Lá encontrei ‘que o vosso filho Unigênito, eterno como Vós, permanece imutável antes de todos os séculos e sobre todos os séculos, que, para serem bem-aventuradas, todas as almas recebem da sua plenitude, e que, para serem sábias, são renovadas pela participação da Sabedoria que permanece em si. (...)”
Outros pensadores medievais propuseram novas visões ao cristianismo, estabelecendo assim, contextualização nos textos bíblicos.
De fato, anúncio do evangelho não perdeu sua força e sua eficácia, dando início onde mais tarde conheceremos como a reforma protestante perante o absolutismo católico.

3. Período Moderno: soberania da razão humana e a reforma do pensamento teológico.

A fase humanista vem à tona, uma onda do predomínio ao uso da razão como base de resposta teológica, cerne da discussão científica, põe em risco ao desenvolvimento do evangelho verdadeiro a luz da inspiração pelo Espírito Santo. O absolutismo regerá as grandes nações européias, o ápice do domínio da Igreja Católica na cultura, política e teologia.
Grandes pensadores da época, não mais colocarão o regimento das escrituras como fonte de inspiração humana, mas o método científico-racional como prova material da busca pela essência filosófico-teológica. O materialismo histórico e a cultura do sistema positivista de desenvolvimento das sociedades capitalistas posicionam como fontes de verdade e esperança ao povo sofrido.
Diante esta realidade, apresenta-se uma revolução ao pensamento cristão, resgatando a Igreja verdadeira de Cristo, novos teólogos dissidentes da perseguição aos verdadeiros cristãos rebelam-se contra a Igreja Católica, na qual ia de encontro a pensamento de Deus, e despertam para si uma nova reforma no pensamento cristão. Uma Igreja que utiliza a Palavra de Deus como fonte única de inspiração humana: "Mas nem em todos há conhecimento; porque alguns até agora comem, no seu costume para com o ídolo, coisas sacrificadas ao ídolo; e a sua consciência, sendo fraca, fica contaminada." (I Coríntios 8: 7). Ocorre a libertação dos cativos cristãos perante a face dominadora da Filosofia pagã e da falsa teologia e Cristo: "Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus." (Romanos 8: 21). Assim, a única resposta ao designo da vida está no Deus Trino, aquele que não oprime mais que liberta: "A pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, há anunciar o ano aceitável do SENHOR." (Lucas 4: 19).

4. O Liberalismo pós-moderno e a esperança da Igreja de Cristo.

Convencionou-se chamar pós-industrial a era iniciada na década de 1950, logo após o término da segunda guerra mundial, quando as grandes potências retomaram a busca do progresso material e se lançaram a uma corrida pela superação técnica. No domínio do conhecimento, o período pós-moderno caracterizou-se por uma profunda modificação na própria natureza das ciências, sob o impacto da evolução da tecnologia.
Grandes nações européias determinam o capitalismo como fonte única de engrandecimento político-social. Os indivíduos não detêm em si à necessidade da crença no Deus trino e salvador e visam a uma teoria pragmática de vida. Apesar de constituir um movimento aberto e antidogmático, e ainda que seus teóricos não tenham elaborado um sistema completo, há traços gerais comuns entre seus defensores. Para os pragmatistas, a vontade antecipa-se ao pensamento. O conhecimento é concebido como essencialmente modificador da realidade, portanto, a construção da verdade deve corresponder à construção da própria realidade.
O traço mais peculiar do saber pós-moderno - o fato de definir ele próprio às regras que o legitimam - aproxima procedimentos científicos de procedimentos políticos, tornando as diferenças entre ambos cada vez mais difusas. Os critérios de legitimação do saber se confundem com os critérios do poder. A razão pós-moderna opõe, às categorias tradicionais da filosofia, novas categorias teóricas, como aumento de potência, eficácia, otimização do desempenho etc. A atividade científica, vista tradicionalmente como ato de liberdade do espírito humano, dá lugar a uma tecnologia intelectual subordinada a interesses.
Diante disso, em contrapartida, novos doutores da teologia cristã, surgidos nas maiores Universidades do mundo realizam uma análise profunda ao pensamento contemporâneo e a solução cristã de uma vida justa e digna. Nomes como Francis Schaeffer, Greg Bahnsen através da visão da Teonomia para libertação do mundo ao processo da globalização, e Herman Dooyeweerd que em uma série de brilhantes artigos, analisou, historicamente e filosoficamente, as questões complicadas da causalidade jurídica, culpa, responsabilidade, propriedade, e fontes da lei. Desde o princípio, porém, ele insistiu em ver estas questões legais, como também questões de política e sociedade, no contexto de uma teoria mais ampla da natureza e destino do homem (antropologia), do ser e da ordem (ontologia), e do conhecimento e suas fontes (epistemologia).
A superação da época derrocada pelo liberalismo, consumismo, neo-ceticismo, será o cerne da discurssão teológica cristã. Em não mais crer na liberdade humana por si só, pela auto-suficiência humana, e do livre-arbítrio, mas crer sim, na liberdade humana proposta pelo Pai aos seus filhos, na auto-suficiência de Deus em nossas vidas, e o livre-arbítrio de Deus por nós, pois somente Ele tem a real onisciência de guiar nossa vida com digna, benignidade e prudência.

5. Conclusão

Concluo na certeza da esperança humana diante os fatos históricos apresentados que resultaram na dispersão do homem ao pensamento de Deus. Somente a crença no Deus Trino, e a descrença de uma salvação no âmbito da filosofia pagã e da falsa teologia empregada é que teremos o grande desenvolvimento das nações do mundo. Com políticas justas "Porque esta é a aliança que depois daqueles dias Farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo;" (Hebreus 8 : 10), um mundo de paz entre os eleitos: "Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas." (I Pedro 1 : 2) e vida eterna "E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna." (I João 2 : 25).

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Devocional: “Refugando o lixo”

“Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nEle..Quero conhecer Cristo” Filipenses 3:8-10

Quando Paulo diz que considera as coisas que perdeu como “esterco” (ou “lixo” conforme a TEB), ele não quer dizer apenas que não lhes atribui nenhum valor, mas também que não tem mais aquelas coisas em mente.
Que pessoa normal passaria o tempo todo sonhando nostalgicamente com esterco? Porém, é isto que muitos de nós, de fato, estamos fazendo. Isto mostra quão pouco temos alcançado do verdadeiro conhecimento de Deus.
Não há espaço para idéias inúteis na mente dos que realmente conhecem a Deus. Eles não ficam pensando em como poderia ter sido. Eles nunca pensam nas coisas que perderam, mas apenas no que ganharam.
“Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo” escreveu Paulo. “Mais do que isto, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas” (Fp 3.7-8).

Para meditar: Quais as suas “posses” valiosas que devem ir para o lixo? Escreva uma oração “lançar ao lixo”. Leia Filipenses 3:4-6 para obter sugestões.



-- Por J.I.Packer no devocionário “O conhecimento de Deus apo longo do ano”--

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Cristianismo, colocando a matemática no seu lugar

Postado por Antonio Ronys


Introdução

A matemática sempre esteve presente na vida do homem,e o mesmo,sempre precisou dela no seu dia a dia.No início, a matemática era usada pelas antigas civilizações como a suméria, a egípcia, e a babilônica em necessidades diárias. Essas civilizações de início não consideravam a matemática uma disciplina em si, para eles os números e as figuras geométricas eram apenas instrumentos para fins práticos,a geometria antes dos gregos era puramente experimental e que os gregos foram os primeiros a introduzir o raciocínio dedutivo.Foram os gregos antigos, iniciando com Pitágoras e Tales de mileto no século VI A.C, que sistematizaram pela primeira vez os critérios práticos da matemática,pois os mesmo viajavam de sua terra ao Egito para ver o que havia de novo em matéria de geometria.Relatos mostram que o “teorema de pitágoras” já existia a muito tempo na Babilônia,mas foi Pitágoras que sistematizou.

Os gregos também desenvolveram uma metodologia para matemática e no meio desse curso eles fizeram perguntas epistemológicas, como: De que maneira buscar as verdades matemáticas? Ou como saber de fato suas verdades? A resposta apareceu. Os gregos disseram que o conhecimento infalível podia ser obtido ao se começar com alguns axiomas fundamentais e auto-evidentes e deduzia a partir deles um conjunto de verdades, método conhecido como método axiomático. Uma das figuras que se destacou foi Euclides com seus postulados e axiomas concernente a geometria, que durante quase dois mil anos vem sendo chamado como verdades auto-evidentes. Esse foi o legado deixado para a cultura ocidental.

Segundo Pitágoras, e conseqüentemente Platão, a matemática faz parte de um mundo ideal (uma esfera de princípios, idéias ou formas), segundo os mesmos, para se ter o conhecimento do mundo ideal (matemática), não podemos apenas examinar o mundo material, pois segundo seus pressupostos, a matéria contém características, atributos independentes que faz com que entre em conflito com o mundo das formas, gerando assim uma idéia que a matéria não está em harmonia com matemática (mundo das idéias).

O mundo das idéias de Platão fazia uma dicotomia entre “dois mundos” um perfeito(patamar de cima),e outro com imperfeição(patamar de baixo),ou seja,aquilo que temos aqui na terra tem apenas sombra da perfeição do que há no “mundo das idéias”,segundo esse pressuposto,antes de uma forma existir,a sua idéia já existe,mas que a forma tem algumas propriedades independentes que faz com que elas não assuma a forma perfeita.Pensando assim,Platão tentou explicar “o caos” que existe no mundo,então para Platão e seus seguidores ficava difícil harmonizar a matemática que era considerada do patamar de cima com o mundo físico.

Então que relação tem a matemática com o mundo físico? há ou não harmonia entre a matemática e o mundo físico? Somente o pressuposto cristão soluciona esse paradoxo proposto pelos gregos, considerados os pais da matemática. Um Deus poderoso e inteligente, criativo que criou o mundo com leis coerentes e apreensíveis, este pressuposto bíblico deu vida aos trabalhos científicos, especialmente depois da reforma protestante onde os reformadores rejeitaram o dualismo natureza/graça da igreja medieval e começaram a ensinar que é possível honrar o criador ao estudar sua criação, pois um Deus racional criou o mundo com uma estrutura coerente.

O pressuposto cristão deu uma alavancada. Os antigos cientistas não eram totalmente coerentes com o protestantismo histórico, mas a base de suas idéias estava em consonância com o que o cristianismo diz em relação ao mundo criado (Sl 19:1). Observe o que Isaac Newton (1643 – 1727), que era anglicano e acreditava que Deus criou o mundo com leis perfeitas e que o mundo físico está em correspondência com essas leis, disse em sua obra General Scholium: “o belíssimo sistema de sol, de planetas, e de cometas só podem ter se originado do desígnio e domínio de um ser inteligente e poderoso”. Quem pensa que ciência e religião são antagônicas, está enganado, seu equívoco está em não conhecer o Cristianismo de forma completa.

Nos dias de hoje há uma dicotomia entre fato e valor, colocando o cristianismo no patamar de “valor” e não como uma verdade absoluta que é. A verdade é que não podemos entender, de fato, figuras como Newton, Descartes ou Cuvier sem investigar as idéias religiosas e filosóficas que impulsionaram os seus trabalhos científicos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Devocional "Checando os motivos"

“O conhecimento traz orgulho...Quem pensa conhecer alguma coisa, ainda não conhece como deveria.” 1 Coríntios 8:1-2

Antes de começarmos a subir a montanha do conhecimento das coisas de Deus, precisamos perguntar a nós mesmos: Qual é o meu alvo principal ao ocupar a mente com esses temas? O que pretendo fazer com o conhecimento sobre Deus? Porque este é o fato que temos de enfrentar: se procuramos o conhecimento teológico como um fim em si mesmo, é certo que não chegaremos a bom termo. Isto apenas nos fará orgulhosos e convencidos. A própria grandeza do assunto acabará nos intoxicando e podemos pensar que estamos um nível acima dos outros cristãos por causa de nosso interesse e compreensão do assunto. Então, passaremos a olhar de cima para baixo aqueles cujo conhecimento teológico nos parece primário e inadequado.
Estudar a Bíblia apenas para saber todas as respostas é o caminho mais curto para se tornar presunçoso e enganar a si mesmo. É necessário guardar nossos corações contra essa atitude e orar para que Deus nos mantenha longe disso.

Para meditar: O que você pretende fazer com o conhecimento de Deus? (seja honesto).


--Por: J.I.Packer no devocionário “O conhecimento de Deus ao longo do ano” --

sábado, 17 de janeiro de 2009

Resgatando a genuína devoção


Postado por Diêison Oliveira

Devoção deixou de ser uma palavra usual no vocabulário evangélico contemporâneo. Talvez porque outros termos, considerados mais “espirituais”, tenham adquirido certa predileção em nossa terminologia religiosa: unção, bênção, visão, vitória, santificação, poder, avivamento, revelação etc. Porém, trata-se de um termo que nos ajuda muito a esclarecer o sentido da adoração e a evitar equívocos interpretativos. Usamos as vezes a expressão “devotos de Jesus” para referir-se aos discípulos do Senhor. Ao dizer ou ouvir esse jargão, não consigo conceber a idéia de pessoas que assimilaram apenas princípios teológicos teóricos ou históricos, mas indivíduos profundamente conectados à pessoa de Cristo. Na vida cristã, um dos alvos é crescer em maturidade a fim de nos tornarmos semelhantes a Jesus. E a devoção certamente é o caminho para esse crescimento espiritual. Quando nos devotamos totalmente a Deus é alicerçado um relacionamento sobrenatural. Essa intimidade com Deus se inicia no coração do devoto. É por isso que palavras como sacrifício, entrega e rendição são essenciais na adoração — “não há como servir [adorar; devotar-se] a dois senhores” (Mt.6:24). Se quisermos descobrir a quem estamos adorando, é só checar nossas prioridades de tempo, energia, relacionamento, dinheiro e recursos. Do coração de um devoto é que surge respeito, temor, lembrança e obediência. Atualmente, percebo que pouco se fala ou se questiona sobre a vida devocional dos crentes — quando isso acontece, o sentido se volta para a prática de “momentos específicos”, leitura bíblica e oração individual. Mas esse entendimento, que faz parte do costume evangélico de compartir sua espiritualidade, representa uma pequena parte da vida devocional. Renovamos nossa devoção à Deus, quando fazemos dessa atitude nosso ritual de subsistência espiritual: estudamos a Palavra de Deus, oramos, nos relacionamos com a Igreja, com a família e com o mundo, valorizamos a vida. Nossa experiência devocional se renova em nossa contínua relação com Deus, e é materializada, sobretudo, na prática do serviço e do amor. A adoração nos convida freqüentemente e espontaneamente à reatar os laços de dedicação. Por isso é que se trata de um culto racional. Penso que um bom exercício de devoção seria dedicarmos diariamente a Deus nossa existência, numa atitude de entrega e abnegação totais, manifestando um estilo de vida prático que o glorifique, transmita sua graça e misericórdia aos outros seres e que faça de nossos períodos de adoração, autênticos encontros de alegria, gratidão, expectativa e transformação.
Compartilho com vocês essa genuinidade que deve exisitir na devoção. De fato, no mundo corriqueiro nos encontramos impossibilitados de agir de uma forma devota a Deus. No entanto, o conselho de João Calvino é relevante aos dias de hoje : “Todos têm suas imperfeições. É nosso dever examiná-las; por conseguinte examine-se cada um a si mesmo e as combata.”

domingo, 11 de janeiro de 2009

O Niilismo e a resposta calvinista ao problema do nada

Postado por Felipe F. Inácio



1. Introdução
Nesse modesto trabalho, discutiremos sobre o pensamento niilista, como a humanidade se chegou até ele, as conseqüências do problema do nada e qual a resposta singela da filosofia calvinista. Esse trabalho não pretende ser extensivo, então o leitor não irá encontrar aqui uma visão completa do pensamento niilista. Iremos nos aprofundar no motivo-base religioso do pensamento niilista e de como o mundo pós-moderno abraçou esse pensamento. Nesse artigo não entenda o calvinismo como uma simples corrente teológica, passaremos a lidar o calvinismo mais como uma biocosmovisão, como uma visão geral do mundo onde Deus governa todas as áreas da vida.

2. Conceito
Franco Volpi, um grande filósofo italiano, faz uma analogia do que seria o niilismo.
“...Lembra de uma andarilho que há muito caminha numa área congelada e, de repente, com o degelo, se vê surpreendido pelo chão que começa a se partir em mil pedaços, Rompidos a estabilidade dos valores e os conceitos tradicionais, torna-se difícil prosseguir o caminho.”
Nietzsche nos traz uma resposta mais direta “Niilismo: falta-lhe finalidade. Carece de resposta a pergunta ‘para quê? ’ Que significa o niilismo? Que os valores se depreciaram.” O niilismo seria então, a perda de valores, a descrença em qualquer valor transcendente, absoluto ou cristão. É a completa perda de sentido nos valores estabelecidos pela sociedade. A crença em nada. Outra analogia bastante proveitosa para nosso estudo seria a de Nietzsche em A Gaia Ciência
“A distância. Esta montanha cria todo o encanto e todo o caráter da região que domina: tendo-nos dito isso pela centésima vez tornamo-nos bastante loucos e bastante reconhecidos para acreditar que, conferindo este encanto, deve ter em si própria o que há de mais encantador na região; subimos ao cume e ficamos desiludidos. De repente o encanto desaparece das suas encostas, da paisagem que nos rodeia e daquela que se estende a nossos pés; esquecemos que grande número de grandezas devem, como grande número de bondades, serem vistas a certa distância, e de baixo, nunca do alto... é só assim que fazem efeito. Talvez conheça pessoas do seu meio que só podem olhar-se a si próprias a uma certa distância para se julgarem suportáveis, sedutoras e tônicas: o conhecimento de si é uma coisa que deve lhe ser desaconselhada.”

Nesse aforismo Nietzsche compara o ato de subir a montanha e olhar do alto como a atitude niilista de ver na realidade o sentido dos valores. Segundo Nietzsche, as pessoas se encantam com a montanha porque olham de baixo e os valores éticos (“grande número de bondades”), estéticos (“grande número de grandezas”) e sociais (“talvez conheça pessoas do seu meio”) só são mantidos quando se tem essa ótica.
É importante notar que para Nietzsche e Heidegger o niilismo não seria um pensamento filosófico ou uma teoria, mas sim a lógica da decadência do mundo Ocidental.

3. Origem
Concentraremos-nos agora, em como essa “corrente filosófica” passou a existir. Usaremos como base de nosso estudo o pensamento nietzschiano, uma vez que ele é um dos maiores propagadores do niilismo. Segundo o filósofo alemão, o platonismo foi o precursor da decadência humana ao fazer uma distinção entre mundo verdadeiro e mundo aparente. A respeito do comportamento niilista, frente à dicotomia proposta pela filosofia platônico-socrática, ele fala: “niilista é aquele que julga, do mundo que é, que não deveria ser, e, do mundo como deveria ser, que não existe.”
Em um texto inserido em sua obra, Crepúsculo dos ídolos, chamado “como o mundo verdadeiro se tornou uma fábula” Nietzsche faz um panorama histórico de como se chegamos ao niilismo. Seu texto está esquematizado em seis capítulos sintetizados abaixo:
1. O mundo verdadeiro, acessível ao sábio, ao devoto, ao virtuoso– ele vive nele, ele próprio é esse mundo.

Nesse primeiro aspecto, se inicia uma divisão proposta por Platão sobre os dois mundos, o mundo verdadeiro ou supra-sensível, e o mundo aparente. Esse mundo só é acessível ao sábio, nessa primeira tomada, ainda não há uma divisão completa, uma vez que o mundo verdadeiro ainda é acessível.

2. O mundo verdadeiro, inacessível agora, mas aberto ao sábio, ao devoto, ao virtuoso (“ao pecador que se faz penitência”)
Nesse ponto a ruptura entre os dois mundos ocorre, o mundo sensível passa a ser desprezado, e o sentido de vida do sábio seria o mundo verdadeiro, inatingível por algum tempo. Nietzsche assemelha o platonismo com o “cristianismo para o povo”, afirmando que a postura ascética do cristianismo, faz com que o povo desvalorize o mundo sensível, julgando-o um mundo transitório, aparente e sem valor e passe a agir segundo uma fé, uma promessa.

3. O mundo verdadeiro, inacessível, indemonstrável, que não pode ser prometido, mas já, ao ser pensado, um consolo, uma obrigação, um imperativo.
Essa fase da história é caracterizada pelo irracionalismo alemão de Kant. Segundo Kant, não se pode provar o mundo verdadeiro através da razão pura, mas somente de uma razão prática, pois, segundo o filósofo, a existência desse mundo seria um bom motivo para os homens agirem com um padrão ético aceitável. A existência então do mundo verdadeiro, não passa de uma hipótese.

4. O mundo verdadeiro – inacessível? Em todo caso, inalcançado. E, como inalcançado, também desconhecido. Conseqüentemente também não consolador, salvífico, obrigatório: a que poderia algo desconhecido nos obrigar?
Nessa fase da história, marcada pelo ceticismo, o conceito de mundo verdadeiro não é mais obrigatório, não tem mais nenhum valor moral-religioso, se caracteriza pela queda do argumento kantiano da razão prática. No entanto, nessa fase da história não se chega à superação do platonismo-niilismo, pois o mundo verdadeiro, apesar de não ser consolador, salvífico e obrigatório ainda existe ontologicamente, ele só passa a ser incognoscível.


5 . O “mundo verdadeiro” – idéia que não é útil para mais nada, que não é mais nem sequer obrigatória -, idéia que se tornou inútil, supérflua, consequentemente uma idéia refutada: suprimamo-la!

A partir desse capítulo Nietzsche propaga a sua filosofia. “A morte de Deus”, conhecido em seus acalorados discursos, é o ponto proeminente nessa fase da história do platonismo-niilismo. Com essa frase ele quer dizer que os valores cristãos perderam qualquer sentido anteriormente proposto, uma vez que para Nietzsche o motivo da vida ascética do cristianismo era a promessa de um mundo supra-sensível, um mundo verdadeiro, este que foi destruído pelos próprios homens.

6. O mundo verdadeiro, nós o abolimos: que mundo resta? O aparente, talvez?(...). De forma alguma! Com o mundo verdadeiro abolimos também o mundo aparente.

Quando Nietzsche deseja abolir o mundo aparente, ele quer tão somente se desfazer da dicotomia proposta por Platão, ele impede que o mundo sensível assuma o lugar do mundo supra-sensível. Colocando em termos de valores, se abolimos os valores supremos (supra-sensível) devemos também abolir qualquer valor que o homem (sensível) tente impor. Ele não se contenta em somente “matar a Deus” ele deseja abolir qualquer outro valor absoluto.
Nietzsche em sua construção filosófica, não permite que nenhum outro valor sobreponha os valores anteriormente abolidos. O que deve ocupar o lugar que os valores vencidos preenchiam seria, segundo o filósofo alemão, a vontade do poder.
A vontade do poder é a vontade inata no homem pelo poder, é a vontade que permitiria o fluxo de nossos reais desejos, a vontade de criar, se superar, querer cada vez mais o poder e o prazer. “O que é bom? – Tudo aquilo que desperta no homem o sentimento de poder, a vontade de poder, o próprio poder.” O indivíduo que carrega em seu ser essa vontade, ele o chama de Super-homem. Sobre este ele diz:

“Amo os que não procuram por detrás das estrelas uma razão para sucumbir e oferecer-se em sacrifício, mas se sacrificam pela terra, para que a terra um dia pertença ao super-homem”

Contra essa vontade do poder, Nietzsche encontra um inimigo, que é o Cristianismo com sua filosofia enfraquecedora do espírito do homem. “O cristianismo tomou partido de tudo o que é fraco, baixo, incapaz...”. A grande ira de Nietzsche contra o cristianismo é que segundo ele, os cristãos colocam todo o sentido da vida num plano metafísico, ou seja, desvalorizam qualquer sentido da vida terrena.
A atitude de Nietzsche em abolir os valores e abolir o lugar em que estes ocupavam é chamada de niilismo ativo, em contraste com o niilismo passivo, que é a prática de substituir os valores tradicionais, cristãos e absolutos, por valores humanos.

4. Introdução a filosofia reformada
A filosofia reformada nasceu em berço holandês através da obra do filósofo Herman Dooyeweerd e D. T. H. Vollenhoven. Inspirados no movimento iniciado por Abraham Kuyper, eles passaram a ver o cristianismo como abrangente em todas as áreas da vida. Herman Dooyeweerd combatia vigorosamente contra o dogma da autonomia da razão. Para ele todo indivíduo carrega consigo uma pressuposição, um motivo-base religioso, e esse é sempre o ponto de partida de toda filosofia. A grande contribuição dooyeweerdiana é que em seu tempo, os cristãos tentavam defender o evangelho com as mesmas armas do inimigo, no caso, o humanismo secular e a escolástica católica. Ele propõe um novo sistema em contraste com essas outras filosofias, um sistema teo-referente, a filosofia reformacional.
A filosofia reformacional, trouxe uma biocosmovisão que se estrutura em criação/queda/redenção. A conseqüência desse motivo-base religioso, é que a vida que vivemos na terra deve ser vivida de acordo com o mandato cultural deixado para os homens. O único modo que um cristão verdadeiro deve viver é observando todos os aspectos da realidade como a boa criação de Deus. Então, a filosofia calvinista vai contra qualquer asceticismo cristão, pois ele vê tudo como a criação de Deus, logo inerentemente boa. A matéria, sugerida por Platão, como eterna e caótica, para um cristão reformado ela passa ser algo que o Soberano Deus criou ex-nihilo e sob total controle.
Um ponto fundamental para a cosmovisão cristã é a afirmação de que o homem após a queda sofreu os efeitos noéticos do pecado, deixando assim de pensar de forma coerente com a realidade. Tudo ocorre no Jardim, quando o homem perde a teo-referência e tenta assumir o lugar de Deus em determinar o que é coerente com a realidade. O homem constrói a partir do Éden uma pretensa autonomia, deixando de lado qualquer influência externa e passando a analisar a “verdade” como ela é. Tal autonomia é irreal, uma vez que todo homem carrega em si, um motivo-base religioso, podendo ser de obediência ou de rebeldia a Deus. Tendo em vista esses efeitos provocados pelo pecado é inconcebível a defesa do dogma da autonomia da razão.
A Filosofia reformada defende também a futura redenção completa do ser humano. Os efeitos noéticos do pecado são de natureza irreversível. Somente com a ação regeneradora do Espírito Santo é que a pretensa autonomia é lançada por terra e se constrói uma teo-referência. O homem redimido olha para todas as áreas da vida e encontra a soberania divina. Como diria Abraham Kuyper: “não há um milímetro cúbico em todas as áreas da existência humana sobre o qual Cristo, que é Soberano acima de todos, não possa dizer ‘É meu! ’ ”. O cristão tem em vista também, que a completa redenção só se dará na consumação dos séculos, quando Cristo redimir todas as coisas. Um calvinista sério, no entanto, não iria cair no erro do asceticismo cristão, pois apesar de não ser completamente redimido, todavia, a única forma que o agrada de viver, é a completa soberania de Deus em todas as esferas da vida. Então, mesmo em um mundo caído, ele vê, e assim deseja ardentemente, a Glória de Deus.

5. A resposta Calvinista ao problema do nada
O cerne do niilismo proposto por Nietzsche é a crítica da visão platonista do Cristianismo e o possível diagnóstico com a “vontade de poder”. Vamos analisar duas citações do filósofo:
“Para aquele que sofre é necessário uma esperança que a realidade não possa contradizer- e da qual satisfação alguma os consiga afastar uma esperança além-túmulo.” Ele nota que o Cristianismo não encontra sentido para a vida terrena, e passa a viver com uma esperança além-túmulo. Nietzsche propõe então a seguinte solução para o problema: “O que é bom? – Tudo aquilo que deserta no homem o sentimento de poder, a vontade de poder, o próprio poder.”
Até certo ponto a crítica nietzschiana em relação ao “cristianismo” é procedente. Não se pode conceber um asceticismo na vida cristã, esse não é o Evangelho pregado por Cristo e pelos apóstolos. No entanto, sua generalização é totalmente incoerente. A proposta calvinista é muito superior a vida ascética. Como vimos anteriormente, o verdadeiro Cristianismo mostra um profundo respeito com a criação de Deus, ele não vê sentido somente na via além-túmulo, mas valoriza a criação de Deus e encontra valores magníficos.
Abraham Kuyper nos ensina o valor da vida terrena:
“Onde quer que o homem esteja, seja o que for que faça (...) ele está; seja onde for, constantemente diante da face de Deus, está empregado no serviço de Deus, deve obedecer estritamente a seu Deus e acima de tudo, deve ter como alvo a glória de Deus.”
Aí está o âmago da filosofia reformada, que seja o que quer que façamos nessa vida, tudo tem como alvo a glória de Deus. Sendo assim, encontramos o valor da vida terrena, o sentido para a ética, para o convívio social, para a relevância do trabalho comum, que é a glória de Deus em todas as áreas da vida.
Nietzsche tem uma concepção errada sobre a origem do moralismo. Ele acredita que a moral foi imposta pelo Cristianismo, atribuindo assim, algo que é divino a uma simples vontade humana. Se em nós há amor, é porque Deus é todo amoroso. Se em nós há um relacionamento social, é porque o Deus trino se relaciona ininterruptamente. Se em nós há alguma forma de poder, é porque o Deus todo-poderoso nos outorgou.
O diagnóstico de Nietzsche é falho porque coloca o homem como centro de todas as decisões. O único “valor” que controla o super-homem é a “vontade de poder”. Para ele, devemos desprender de qualquer valor imposto sobre nós, mas ele não compreende que a ética é algo intrínseco ao ser do homem. De fato, há no ser do homem uma “vontade de poder”, é o que chamamos de natureza corrompida. Seus desejos foram afetados pela rebeldia humana de se proclamar um deus. Porém como ensinou Calvino, Deus derrama da sua graça comum sobre todos os homens e eles podem agir, mesmo que em um grau mínimo, baseados em um padrão ético.
O mundo pós-moderno sofre hoje uma completa perda de sentido, onde o único valor absoluto aceitável é a visão relativista do mundo. O homem se coloca como a verdade última, como o ser cuja escolha é suprema e não há nenhum valor externo a ele. Se o referencial dos valores está no homem, e não há valor que o transcenda, então não há sociedade, não há ética, não há conhecimento científico. Tal visão é incoerente com a realidade. Somente com o referencial divino, perdido a partir do jardim do Éden, é que iremos ter uma visão abrangente da realidade. Como diria Cornelius Van Til: “O homem tem que viver e só pode viver coram Deo.”