quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Uma análise teórica e prática da Doutrina Trinitariana

postado por Dieison Oliveira

Qual é a natureza da realidade final? Seria uma unidade ou uma diversidade? A realidade é una ou múltipla? E em relação à Deus, podemos afirmar que ele é uma unidade absoluta ou existe diversidade no ser de Deus? Qual é a melhor maneira de entender as várias representações da atividade de Deus no mundo? Acerca dessas questões, que remontam desde os pré-socráticos, surgiram várias tentativas para solucioná-las, no entanto a maioria das teorias que se apresentaram não responderam completamente aos dilemas levantados. A doutrina da trindade, surgida no contexto neotestamentario, respondeu com precisão os problemas expostos. Todavia, teorias como o modalismo, o sabelianismo e o subordinacionismo foram expostas na era patrística e não fizeram jus as Sagradas Escrituras.
O sabelianismo é a noção de que só existe uma pessoa divina, Deus o Pai, que se manifesta nas três formas, Pai, Filho e Espírito Santo, ou seja, Deus é uma pessoa que se transformou no transcorrer da história. Uma outra teoria que se assemelha com esta é o modalismo. Segundo essa corrente, Deus apresentou-se de três modos, mas não existe eternamente como três pessoas, pois Deus é somente uma pessoa. O subordinacionismo acredita que a essência de Deus está inerente às três pessoas da divindade que coexistem num relacionamento hierárquico. Nesse sistema a essência do Filho é subordinada e dependente ao Pai. O Espírito Santo é subordinado aos dois. Então a divindade do Filho e do Espírito é derivada do Pai. A relação hierárquica implica que o Filho e o Espírito são inferiores ao Pai.
Vários gigantes da Igreja se levantaram pra defender a genuína doutrina da Trindade, na patrística com Agostinho e João de Damasco e na Idade Média principalmente com João Calvino. Este sustentou a doutrina da Igreja primitiva de que Deus é uma única essência que subsiste em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, entendo que ela era “o principal artigo de nossa fé”. Esta distinção está bem longe de contraditar a implicíssima unidade de Deus, que se permita daí provar que o Filho é um só e único Deus com o pai, porquanto, a um tempo, com ele compartilha de um só e único Espírito, mas o Espírito não é algo diverso do Pai e do Filho, visto ser ele o Espírito do Pai e do Filho. Com efeito, em cada uma das análises, se compreende que a natureza inteira de Deus está em uma propriedade específica. O Pai está no Filho; o Filho está no Pai, e o Espírito está em ambos. Essa relação é conhecida dentro da Teologia como, perichoresis e circumcessio. Cristo declara: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim.”Jo 14.10.
Calvino advertiu quanto a especulações sobre o mistério da essência divina e recusou-se a torcer as Escrituras, sustentando assim, essa doutrina. No entendimento de Calvino “ a trindade é crucial porque é um testemunho da divindade de Jesus Cristo e, assim, dá certeza da salvação realizada por ele.” O propósito do trinitarianismo de Calvino era soteriológico. Somente alguém que é verdadeiramente Deus pode redimir os que estava totalmente perdidos. Deus se revela.
Um dos aspectos que se deve salientar quando se estuda a Trindade é saber que Deus não criou o mundo por solidão. Antes de o mundo existir, já havia uma comunhão eterna de amor na Santa Trindade. Isto acarreta ao cristão, o chamado para viver em comunhão. Convocada para refletir a Santa Trindade, a comunidade cristã deve encorajar meios criativos para incluir a capacidade espiritual de cada membro, lembrando que cada cristão é importante no corpo de Cristo. Simultaneamente, todos os cristãos devem estar conscientes de suas responsabilidades, submissão e autodoação. Para se assemelhar ao Deus trino, a igreja local tem que cultivar amizades profundas. Para isto, deve-se investir em grupos pequenos, retiros e outras formas de comunhão que contribuam para reunir em amor o povo de Deus, exaltando a alegria e o amor da Trindade, e prefigurando assim, a comunhão abençoada do Paraíso. No entanto, o mesmo cuidado mútuo não está limitado aos cristãos na igreja local. O senso de unidade e diversidade no corpo de Cristo deve estender-se às outras igrejas – que não devem ser vistas como uma espécie infeliz de competição denominacional – como congregações companheiras na igreja universal do nosso Senhor.
Sendo assim, a Trindade não é simplesmente algo racional ou impraticável, apesar de alguns não conceber a idéia simultânea de unidade e diversidade. A lógica humana não consegue abranger tamanho conhecimento. Mas para o verdadeiro cristão, é uma doutrina fundamental para o relacionamento entre Deus e os homens. Portanto, devemos evitar toda racionalização barata sobre a doutrina da Santíssima Trindade. Como bem disse Millard Erickson: “Tente explicá-la, e vai perder sua mente; tente negá-la, e vai perder sua alma.”


Gloria Patri et filio et Spiritui Sancto, Sicut erat in principio et (est) nunc et (erit) semper et in saecula saeculorum

5 comentários:

Onesimo Mesquita disse...

Uma das falhas de nosso tempo é não saber viver na pratica aquilo que se acredita.Isso é de certo modo uma falha da teoria que nao condiz com a realidade, mais no caso da doutrina da Trindade é impossivel existir essa realidade se não houvesse a natureza tri-una
de Deus.

Gostei do post!
Teorico e pratico!

Onesimo Mesquita

claudio pimenta disse...

Bela postagem! muito bem elaborada!



http://exejegues.blogspot.com/2009/08/nao-acredito-mais-no-silas-veja-o.html


http://www.youtube.com/watch?v=QXyTDsbjsnc

Anônimo disse...

Grande postagem vaso a grande dificuldade dos cristãos de hoje é viver na prática aquilo que acreditam como se fosse dois patamar um em cima outro em baixo. como já dizia o vaso onesimo.

Que Deus abençoe todos os vaso que contribui com esse blog pois o mesmo é para a honra dom senhor!

ir. Ronys

Diêison Reformata disse...

Obrigado meus irmãos.
HOje em dia a ênfase do viver em comunidade é um dos aspectos bastante importante nas nossas igrejas. Conhecendo não só a teoria da divindade trina, mas também colocando-a em prática no nosso viver.

Deus abenções todos vocês.

Soli deo gloria.

Felipe Inácio disse...

Boa postagem amado ir. Diêison!
OS cristãos, como imagem de Deus, deve adotar esse espírito de diversidade e unidade. Diversidade porque somos diferentes e acreditamos em coisas diferentes, porém, unidade porque somos de um mesmo Pai e vivemos em um mesmo amor!


Soli deo gloria!!!