segunda-feira, 31 de maio de 2010

Nadando contra a maré?




Postado por Felipe F. Inácio


Observando o crescimento exponencial que os evangélicos têm assumido nos últimos anos, percebemos que o número de pessoas preocupadas com questões sociais, política e econômica que o mundo enfrenta é mínimo. Temos visto crises em toda a existência humana, mas ao que parece, a maioria dos evangélicos não tem encontrado relevância no esforço em melhorar um mundo que só tende a piorar. Isso nos leva a pergunta: Qual o papel da Igreja em meio a nossa sociedade?

O Evangelho que presenciamos em nossos dias não tem abarcado o homem por completo. Age como uma espécie de teologia “manca”. Têm se feito uma dicotomia entre secular e sagrado. E para muitos, o evangelho é algo que se refere unicamente à religião. Vemos um total desinteresse com matérias presentes em nosso dia-a-dia. Quantos cristãos proclamam com ar de “espiritualidade” que não devemos nos preocupar com temas como política, sociedade e economia! Para eles, o que importa é que tudo isso acabará e viveremos em um lar celestial! Estas pessoas se recusam a tentar mudar a situação atual, pois para eles o mundo vai de mal a pior, até que tudo se finde. Para estas, o “mundo jaz no maligno”, somos “peregrinos na Terra” e este “mundo é passageiro”.

No entanto, quando olhamos de uma forma mais ampla o conceito bíblico acerca dessas questões, vemos um Deus que ao criar o mundo, desejou glorificar o seu nome e esta glória era em todas as áreas da vida. Com a entrada do pecado por meio do homem, a glória de Deus ficou manchada. Tudo passou a ser caos. Cristo, então, vem ao mundo para restabelecer aquilo que foi perdido com o intuito de redimir o homem, para que este volte a refletir o esplendor divino. Ele veio não para agir em uma única esfera da vida, mas veio para restaurar o homem por completo. No coração do homem regenerado agora, passa a ecoar as palavras de Abraham Kuyper: “Não há um único centímetro quadrado em todos os domínios da existência humana sobre o qual Cristo, que é o Soberano sobre tudo, não clame: é meu!”¹

O desejo maior que o crente tem nesse instante, é a busca da glória de Deus em tudo e todos. Viver desinteressado com as crises presente nas esferas da existência humana, não é a atitude de quem anela ver a glória de Deus. É impossível desejar glorificar ao Senhor por completo e não se preocupar com o império satânico que vêm crescendo no mundo. O cristão sincero sabe que a injustiça irá aumentar, que o mundo só atingirá a perfeição na consumação dos séculos. Mas ele se recusa a cruzar os braços, ele se recusa viver sem que o nome de Cristo seja glorificado em todas as áreas da vida. Pois em seu coração, “o fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e alegrar-se nele para sempre”².

Não é “nadar contra maré”, não é utopia, nem falsa esperança, mas é simplesmente a busca incessante para que a glória de Deus seja estabelecida na Terra. O verdadeiro cristão sabe que não é por mero esforço humano que o Reino de Deus será implantado, mas ele que tem o coração do Pai odeia a injustiça, odeia a glória do homem, odeia as crises decorrentes do pecado, e sua posição para com os problemas do mundo é que “o homem tem que viver e só pode viver coram deo”³

Referências bibliográficas

1. Kuyper, Abraham. Sphere Sovereignty. Em: Bratt, James. Abraham Kuyper: A Centennial Reader. Grand Rapids: Eerdmans, 1998.

2. Catecismo Maior de Westminster, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1991.

3. Van Til, Survey of Christian Epistemology, 97.

terça-feira, 4 de maio de 2010

A RENOVAÇÃO DO DISCÍPULO (UMA ORAÇÃO PURITANA)





Ó MEU SALVADOR,

ajuda-me.

Sou tão lento para aprender, tão propenso a esquecer, tão fraco para progredir;
Permaneço no sopé, quando deveria estar nas alturas; Sou afligido por meu coração carente de graça,
meus dias desprovidos de oração, minha pobreza de amor,
minha indolência na corrida celestial, minha consciência suja,
minhas horas desperdiçadas, minhas oportunidades perdidas.
Estou cego enquanto as luzes brilham ao meu redor:
desembaça meus olhos,
reduz a pó a perversa raiz de incredulidade.
Faz com que minha principal alegria seja te conhecer, meditar sobre ti,
te contemplar,
sentar aos teus pés, como Maria,
me reclinar sobre teu peito, como João, ser, como Pedro, atraído a teu amor,
como Paulo, considerar todas as coisas esterco.
Dá-me, tanto quanto possível, crescimento e progresso na graça;
mais firmeza em meu caráter, mais vigor em meus propósitos,
mais consagração em minha vida, mais fervor em minha devoção, mais constância em meu zelo.
Embora eu ocupe um lugar no mundo,
livra-me de fazer do mundo o meu lugar; Que eu nunca venha a buscar na criatura
aquilo que só pode ser encontrado no criador;
Que a fé não cesse de ti buscar, até que ela não seja mais necessária. Vai adiante de mim, tu rei dos reis e senhor dos senhores,
que eu possa viver vitoriosamente, e em vitória atinja meu fim.


Tradução: Márcio Santana Sobrinho
Extraído de: The Valley of Vision: A Collection of Puritan Prayers & Devotions, editado por Arthur Bennett, p.184.

extraído do site:www.monergismo.net.br

postado por Felipe Ferreira Inácio